segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Apresentações PowerPoint

O Alexandre Josué mandou-me duas apresentações PowerPoint bastante interessantes, uma sobre balões e outra sobre ilusões de óptica, que passo a publicar:
NOTA: a primeira tem 806 Kb e a segunda 3.32 Mb...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Aqui fica a sugestão...


Apresentação em PowerPoint sobre Telescópios - AQUI.

sábado, 13 de outubro de 2007

Escola Correia Mateus no GoogleMaps...!

Aqui fica um mapa do GoogleMaps da área da nossa Escola. Sugere-se que experimentem:
  • as opções Map (mapa), Sat (Satellite - fotografia área) e Hyb (Hybride - fotografia área com alguns aspectos marcados);
  • a Escala (entre o + e -);
  • a mudança da área visível (usar as setas ou o rato do PC - que aparece com aspecto de mão dentro do mapa - para mudar de localização visível).

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Apresentação multimédia sobre Telescópios

Aqui fica a sugestão...


Apresentação em PowerPoint sobre Telescópios - AQUI.

sábado, 6 de outubro de 2007

As aventuras de um paleontólogo no Deserto do Gobi

Octávio Mateus
Diário do deserto entre areia e esqueletos de dinossauros

Octávio Mateus partiu a 20 de Agosto numa expedição. Durante 34 dias, no deserto de Gobi, o paleontólogo teve o seu quinhão de felicidade e escreveu um diário do qual agora publicamos excertos.

Octávio Mateus partiu a 20 de Agosto numa expedição. Durante 34 dias, no deserto de Gobi, o paleontólogo teve o seu quinhão de felicidade e escreveu um diário do qual agora publicamos excertos

Octávio Mateus partiu a 20 de Agosto numa expedição. Durante 34 dias, no deserto de Gobi, o paleontólogo teve o seu quinhão de felicidade e escreveu um diário do qual agora publicamos excertos.

FASE I DA EXPEDIÇÃO:

Em Shine Us Khuduk, Deserto de Gobi (Sudeste da Mongólia).

Era o 3.º dia de escavação, a 23 de Agosto de 2007, e os grãos de areia bombardeavam-nos a 90 km/h como microprojécteis, acertando na pele exposta como se de pequenas agulhas se tratasse. Enfrentávamos uma forte tempestade de areia que tornava mais difícil a concretização do nosso principal objectivo: escavar dinossauros encontrados pela nossa expedição paleontológica.

Apesar da tempestade de areia, que durou todo o dia, a escavação dos dinossauros continuou, uma vez que tínhamos de aproveitar todos os momentos de uma expedição científica de apenas 34 dias na Mongólia. (...)

A nossa expedição chama-se “Korea-Mongolia International Dinosaur Project” (...) e tinha dois principais objectivos: conhecer mais dados sobre o período Cretácico (144 a 65 milhões de anos) e descobrir novos esqueletos de dinossauros. Fomos bem sucedidos!

Cada dia era uma aventura surpreendente, sempre com novas descobertas ou peripécias imprevistas. À noite, reunidos na tenda maior, de tipo militar, mostrávamos e catalogávamos as descobertas do dia, identificávamos os ossos mais intrigantes ou discutíamos questões científicas que se iam levantando e que nos assolavam.

Pessoalmente, eu tinha dois grandes objectivos: aprender mais sobre os dinossauros da Mongólia e descobrir novos esqueletos, nomeadamente de dinossauros saurópodes e de terizinossauros. Os primeiros são os clássicos gigantes de pescoço comprido, que podiam atingir 30 toneladas de peso e aos quais tenho dedicado parte da minha carreira. Os saurópodes são pouco conhecidos na Mongólia, logo, qualquer nova descoberta tinha o potencial de vir a ser importante. Quanto aos outros, os terizinossauros, tenho uma curiosidade natural sobre eles, pois são um dos tipos de dinossauros mais estranhos que jamais existiram. Embora dentro do grupo dos dinossauros carnívoros bípedes (os terópodes), tal como o Tyrannosaurus rex ou o Allosaurus, estes raros terizinossauros são invulgarmente enigmáticos e bizarros.

Numa abordagem completamente não científica, alguém poderia descrevê-los como um cruzamento entre um T. Rex, um urso e um peru com enormes garras nas patas dianteiras. Quando o primeiro terizinossauro foi descoberto os ossos eram tão estranhos que os paleontólogos julgaram tratar-se de uma tartaruga gigante. (...)

A verdade é que sabemos muito pouco sobre estes estranhos animais. Conhece-se a morfologia de alguns ossos, a idade geológica em que viveram, mas desconhece-se o habitat, alimentação, comportamento, reprodução e muito mais. Por isso, qualquer novo achado poderá, potencialmente, trazer alguma luz sobre os terizinossauros.

Quando o paleontólogo coreano, e principal organizador da expedição, Yuong-Nam Lee trouxe um fémur (um osso da coxa), descoberto naquele dia, ninguém conseguiu compreender de que dinossauro se tratava. A morfologia era diferente de tudo aquilo a que estávamos habituados, o que me levou a pensar que poderia ser de um tão desejado terizinossauro. Assim era. E parece ter pormenores inteiramente novos, pelo que pode ser de uma nova espécie desconhecida até à data ou de uma espécie já descrita cujo fémur não conhecíamos. Esta abordagem verificou-se eficaz: cada vez que encontrávamos um osso de dinossauro terópode diferente daquilo a que estávamos habituados, verificávamos tratar-se, em alguns dos casos, de terizinossauros. Eu descobri partes do crânio, vértebras e ossos dos membros. O sedimentólogo canadiano David Eberth descobriu uma jazida com parte de um esqueleto. Recolhemos alguns dos ossos, incluindo partes da enorme garra, mas outros ficaram no terreno porque não tivemos tempo para escavar tudo. Voltaremos para o ano. Entretanto, temos achados suficientes para contribuirmos para o conhecimento destes animais e para fazermos bons estudos científicos. Eu estava contente: novos ossos e partes de esqueletos de terizinossauros, saurópodes e de muitos outros dinossauros. A Mongólia é um ‘El Dorado’ da Paleontologia.

FASE II DA EXPEDIÇÃO:

De Shine Us Khuduk até Khermeen Tsav (Oeste de Gobi)

Ao mudarmos de local de acampamento, do Leste de Gobi para o Oeste, aventurámo-nos novamente pelo deserto, onde peripécias e imprevistos podem ocorrer a qualquer momento. A nossa caravana, de seis viaturas, fez uma travessia lenta, de seis dias, pois sofriam constantes avarias e tinham frequentemente pneus furados. Dois lentos e antigos camiões soviéticos traziam todo o equipamento e víveres necessários às duras condições no deserto(...). As raras estradas existentes no deserto são, na verdade, caminhos e trilhos de terra, mas o seu uso contínuo dá-lhes o epíteto de “estrada nacional”, com direito a numeração e a figurar na maioria dos mapas da Mongólia, até mesmo na escada de 1:2.000.000. (...)

Khermeen Tsav, o segundo local de acampamento e escavações, é o local mais remoto onde eu já alguma vez estive. (...) Magníficos canyons de cor avermelhada estendem-se a perder de vista e todos aqueles afloramentos de rocha são um convite à descoberta de dinossauros. A 54 quilómetros de distância encontrava-se o primeiro ser humano, que habitava numa ‘ger’, uma tenda circular tradicional, e a primeira povoação era uma pequena cidade que estava a cerca de 150 km. A comunicação com o mundo exterior fazia-se através de emissores-satélite. (...)”

PORTUGUÊS DA SEMANA

Octávio Mateus, paleontólogo, doutorado pela Universidade Nova de Lisboa, filho dos co-fundadores do Museu da Lourinhã, foi o Português da Semana na Domingo, na edição de 19 de Agosto, em vésperas de partir para esta expedição

ROY CHAPMAN ANDREWS

Entre 1922 e 1930, Roy Chapman Andrews – inspirador da personagem de Indiana Jones – levou a cabo missões de investigação no deserto de Gobi, na Mongólia. Em 2007, durante 34 dias, o português Octávio Mateus integrou uma missão internacional – pelo contingente norte-americano, de 15 pessoas – em que participaram ainda japoneses, sul-coreanos e mongóis

OSSOS DE MATEUS

“Eu descobri uma bone-bed, termo usado pelos paleontólogos para designar uma camada repleta de ossos com pelo menos 8 indivíduos de anquilossauros, um dinossauro herbívoro couraçado, e de onde recolhemos três crânios completos. A grande quantidade de ossos fez-nos deixar muitos deles no terreno. (...): identificámos dezenas de pegadas e recolhemos ovos, cascas de ovo e vários ninhos, entre os quais um ninho de dinossauro carnívoro Oviraptor, com ossos de embrião (...). Encontrámos e recolhemos, ainda, ossos de Tarbosaurus (o “primo asiático” do Tyrannosaurus rex), anquilossauros, protoceratops, ornitomimossauros (incluindo um bebé), e muitos outros achados (...).”

in Correio da Manhã - ver notícia

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Sputnik - 50 anos...!

Sputnik - 50th Anniversary

Nuno Crato

Sputnik, o satélite politicamente incorrecto

Faz amanhã (HOJE) 50 anos que «arrancou» a conquista do espaço

2007-10-03
Por Nuno Crato *

Sputnik 1 foi o primeiro satélite a ser posto em órbita

Tinha eu cinco anos quando ouvi um nome novo e curioso: «Sputnik». Não me lembro desse momento, porque de pouco ou nada me lembro dessa altura, mas sei que anos depois a palavra mágica continuava a ser ouvida. E as conversas eram estranhas. O meu pai explicara-me que se tratava de um satélite artificial da Terra. O primeiro. E que tinha sido lançado pela União Soviética, uma país distante e misterioso que se identificava com «a Rússia», aquele lugar de que se falava a propósito de uma estação de rádio que era proibido escutar, dos pastorinhos de Fátima e de muitas outras coisas. Sabia-se, por exemplo, que Salazar não gostava da Rússia e, por isso, ao falar do Sputnik falava-se mais baixo e olhava-se à volta. Para mim, que era muito miúdo, era tudo um jogo misterioso.


Falava-se também de um professor universitário português que tinha dito que o Sputnik não existia, que era uma arma de propaganda comunista, pois era cientificamente impossível haver um satélite artificial da Terra. De repente, deixou de se falar desse professor universitário, pois os Estados Unidos tinham também colocado um satélite no espaço.

Anos mais tarde, muitos anos mais tarde, tentei reconstituir o que se passara. Ao que parece, o professor universitário não era um, mas sim dois: um em Lisboa e outro no Porto. Este último foi durante muitos anos alvo de chacota por parte dos seus alunos. O primeiro penso que também. Nunca consegui, no entanto, esclarecer completamente o que se passara. As lendas abundam, mas nomes concretos, declarações, registos, documentos, tudo isso falta.

E gostaria de esclarecer o que se passara pois creio que o episódio foi revelador e sintomático. Face aos progressos científicos de outros países respondia-se com desdém. E o desdém não era só dirigido «à Rússia». Era dirigido também aos Estados Unidos da América, país pelo qual Salazar nunca morreu de amores. Só alguns anos mais tarde percebi por que os progressos científicos dos norte-americanos eram também desdenhados.

Foi preciso passarem 12 anos. Lembro-me de ter visto na televisão imagens confusas de algo muito mais arrojado do que um satélite. Estava na praia do Baleal e a televisão existia no nosso país há poucos anos. Pouca gente a tinha. O aparelho onde vi as imagens estava num café cheio de gente. Tão cheio que era difícil aproximar-mo-nos do écran. Lembro-me que os meus pais estavam em Lisboa nesse dia. Como não tinham televisão, foram à Baixa, onde havia aparelhos a funcionar nas vitrines das lojas. Foi daí que viram as mesmas imagens que eu estava a ver. Imagens trémulas, pois tinham viajado 384 milhares de quilómetros. Era 20 de Julho de 1969. As imagens mostravam Neil Armstrong a pisar o solo da Lua.

Lembro-me de amigos dos meus pais acharem toda essa curiosidade e todo esse entusiasmo despropositados. Afinal, quem tinha aparecido na televisão eram americanos. Só teriam ido à Lua por dinheiro e despeito. Os russos tinham estado sempre à frente na corrida ao espaço, diziam, e os norte-americanos apenas tinham conseguido sucessos na fase final...

Nunca percebi muito bem como era possível que pessoas inteligentes pudessem rejeitar avanços científicos e tecnológicos. Como era possível haver professores universitários que escondessem a cabeça na areia dizendo que o Sputnik não existia?! E como era possível não se estar emocionado com a chegada do homem à Lua?! É de facto estranho, mas revela uma atitude que persiste. Ainda há poucos anos se ouviram intelectuais portugueses a protestar com a exploração de Marte.

Vou prosseguir a minha história. Passados outros tantos anos, fui estudar para os Estados Unidos, país que na altura não me fascinava especialmente, mas de onde regressei, quase 15 anos depois, completamente seduzido. Aí percebi o que se tinha passado depois do Sputnik. Ao contrário de esquecer a sua existência, os norte-americanos reagiram sacudindo a fundo a sociedade.

Em todo o lado se pensara em mudança. Começando no ensino. Reviram-se os programas, criaram-se escolas de elite, estreitaram-se as relações entre o ensino superior e o pré-universitário, estimularam-se programas de investigação. Preparou-se uma nova geração para a ciência. O Sputnik de 1957 criou ondas de choque que se propagaram até ao sucesso do programa Apolo de 1969.

No meio disto há um pequeno facto histórico pouco notado. O Sputnik russo foi lançado em Outubro de 1957. O primeiro satélite norte-americano foi colocado no espaço em Janeiro de 1958. Três meses mais tarde. Apenas três meses. Isso explica por que razão os críticos portugueses do Sputnik se calaram. E leva a pensar nas origens da «onda de choque» que se propagou pelos Estados Unidos. O «efeito Sputnik» foi consciente. Havia a vontade de mudar, e o satélite russo não foi mais que o pretexto.

Apesar de mudanças brutais e de progressos imensos desde o Portugal salazarista de 1957, vivemos hoje uma situação que tem alguns paralelos com a dessa época. Continuam a existir responsáveis políticos que pouco se preocupam com o nosso atraso científico. E continuam a existir académicos que o negam ou subestimam.

É certo que existem hoje muitos jovens cientistas que se destacam no panorama internacional e que orgulham o país. É certo que começam a aparecer nomes portugueses citados na imprensa internacional. É certo que se podem hoje ler nomes de universidades e institutos de investigação nacionais em artigos na Science, na Nature ou noutras revistas internacionais onde a nossa presença era, ainda há pouco, praticamente inexistente. O facto orgulha-nos, mas, tal como o Sputnik, pode levar-nos a duas atitudes opostas. E a realidade é que a ciência portuguesa continua numa situação de atraso relativo entristecedora. Tudo o que dissemos sobre os nossos progressos podem muitos países semelhantes ao nosso, em dimensão, desenvolvimento, cultura e produto económico, dizê-lo com cem vezes mais propriedade. Há ainda muito a fazer. Muitíssimo. Aprendemos alguma coisa com o Sputnik?


*Professor de Matemática e Estatística no Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa, actual Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Este texto foi extraído e ligeiramente adaptado (pelo próprio autor) de «Ciência em Portugal: os próximos 30 anos» publicado na colectânea 25 de Abril: Os Desafios para Portugal nos Próximos 30 Anos, Presidência do Conselho de Ministros, Comissão das Comemoração dos 30 Anos do 25 de Abril, Lisboa 2004


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